
Atualmente no ar no Vale a Pena Ver de Novo, Tieta promete surpreender o público mais uma vez com um final enigmático. Escrita por Aguinaldo Silva, em parceria com Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, a novela se despede de forma marcante, com uma cena inesquecível: uma tempestade de areia que sepulta a cidade fictícia de Santana do Agreste.
No último capítulo, a areia vinda do Mangue Seco invade e cobre completamente Santana do Agreste, dando a impressão de que seus habitantes foram tragados por esse desastre natural. O impacto visual dessa cena é forte e, quando foi exibida originalmente, entre 1989 e 1990, gerou discussões. No entanto, o que à primeira vista parece uma catástrofe apocalíptica ganha um significado mais profundo e metafórico quando analisado com mais cuidado.
Durante toda a novela, Santana do Agreste é retratada como um reflexo do Brasil conservador, hipócrita e moralista, um lugar onde a protagonista Tieta (Betty Faria), que foi expulsa por seu comportamento “imoral”, retorna anos depois, rica e poderosa, decidida a se vingar e, acima de tudo, a mudar a mentalidade da sua cidade natal. Assim, a tempestade de areia pode ser vista como um símbolo de renovação e purificação, varrendo o passado de repressão e hipocrisia e abrindo espaço para novos valores e possibilidades.
Embora Aguinaldo Silva nunca tenha confirmado oficialmente essa interpretação simbólica, muitas análises sugerem que a destruição da cidade representa o fim de uma era. A falta de uma explicação literal fortalece a ideia de que o final é uma metáfora, algo típico do autor, que sempre incorpora elementos de realismo fantástico em suas histórias.
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Em entrevistas, Aguinaldo chegou a mencionar que parte da sua motivação para criar esse desfecho inusitado foi evitar a pressão para continuar a novela. Com o enorme sucesso de Tieta, houve o desejo de transformar a trama em uma série ou prolongar sua exibição, mas o autor optou por um final definitivo, selando o destino da cidade de forma categórica.