Sabe essa história dos empresários donos de conglomerados midiáticos tentarem economizar a todo custo? Isto não é de hoje. Porém, é inegável que a era dos streamings acabou acelerando este processo, fazendo que isto se tornasse algo nítido ao ponto de causar impactos na líder de audiência.
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O atual cenário preocupante em que se encontra da televisão brasileira tem como objetivo manter os lucros. Na escassez de criatividade e recursos, algumas emissoras de TV chegam a lançar produções inspiradas em títulos do exterior.
A questão é que muitas vezes isto acontece sem que estas atrações sejam consideradas oficialmente versões brasileiras de obras originalmente estrangeiras. São os casos das novelas consideradas remakes não-oficiais. Citaremos alguns casos a seguir:
O Anjo Maldito
Conhece alguma novela em que há uma irmã boazinha e outra malvada, onde a boazinha conquista o coração de um ricaço, enquanto a malvada quer ficar com o homem a todo custo e roubar-lhe a fortuna? Esta história é comum nos clichês dos dramalhões mexicanos.
Por conta disto, Silvio Santos não precisou de comprar os direitos autorais de La Sonrisa del Diabo, mas fez O Anjo Maldito (1983) com a cara da novela da Televisa. Foi claramente um remake brasileiro, mas não era oficial porque algumas mudanças foram promovidas, principalmente para evitar possíveis processos judiciais.
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A Justiça de Deus
Troca de bebês na maternidade, enquanto um destes bebês vai parar em uma família rica e a outra, na família pobre? Este foi outro clichê de novelas mexicanas em que o dono do Baú não precisou comprar os direitos autorais para poder fazer um folhetim.
Em A Justiça de Deus (1983), o enredo foi praticamente este, com diferenças em núcleos, nomes dos personagens alterados e dentre outras mudanças. O objetivo era fugir da intitulação de remake oficial de El Juicio de Nuestros Hijos, produzido pelo extinto Telesistema Mexicano na década de 60.
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Vida Roubada
Em uma mescla da trama de O Anjo Maldito com A Usurpadora, Vida Roubada também foi um remake de uma outra novela mexicana muito famosa nos anos 60 da Televisa. Exibida em 1984, Vida Roubada foi escrita pelo saudoso Raymundo López.
Trata-se de um marco, porque representou o fim da TVS e a transição para o atual SBT. Oficialmente, se dizia que baseava-se em Ha llegado una Intrusa, novela que também foi uma produção da Televisa em 1974.
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O Direito de Nascer
Novela muito conhecida no Brasil por ter contado com diversas adaptações, o SBT foi uma das responsáveis por fazer a sua versão de O Direito de Nascer. Dizia que a novela se tratava de uma livre inspiração à obra original cubana, El Derecho de Nacer.
Félix Caignet, nos anos 40, criou uma radionovela que se consagrou mundialmente, com grande destaque para o caso do Brasil com a Tupi. Da Rádio Tupi, o folhetim passou a ser uma novela na TV em 1964. Em 1995, Silvio Santos pagou 50 mil dólares pelos direitos da obra de Caigne, o que evitou um processo milionário.
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Amor e Ódio
Se lembra de A Dona, protagonizada por Lucero e Fernando Colunga e exibida recentemente no SBT? Esta novela já teve uma versão brasileira produzida pela emissora de Silvio Santos, com o remake não-oficial da obra original de Inés Rodena.
Amor e Ódio foi transmitida em 2001, com Henrique Zambelli adaptando a trama exibida pela primeira vez em 1972 através da RCTV, uma emissora de televisão venezuelana. Na época em que concebeu o folhetim, o SBT mantinha uma parceria com a Televisa (detentora do argumento original de La Dueña), o que evitou maiores imbróglios.