Uma estratégia adotada recentemente pela Globo para divulgar Travessia repercutiu bastante, principalmente pelo teor extremamente explicativo. É comum uma novela precisar deste tipo de divulgação, uma vez que elas perdem audiência porque muitos não entendem a trama.
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Entretanto, desta vez em específico, a Globo resolveu detalhar o perfil de cada personagem do folhetim. Ao mesmo tempo, faz um link com as cenas que virão no próximo capítulo. O problema é que, para quem acompanha religiosamente a novela, está tudo difícil de se entender.
Muitas questões são apresentadas no enredo, porém são deixadas de lado ou pouco esclarecidas. Ao mesmo tempo que demonstra uma desorganização na ordem cronológica dos fatos, confunde completamente a cabeça de quem está sentado no sofá buscando simplesmente se entreter.
Para entender Travessia do jeito que está, tem que estar muito bem concentrado e ligado no que aconteceu nos primeiros capítulos, ou estar disposto a ignorar certas mudanças abruptas nos rumos de alguns personagens.
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Diante da preocupação de inflar a história, muitos pontos sem nó foram colocados e o problema está sendo refletido na audiência. Mas, Gloria Perez e sua equipe podem ficar tranquilos. Eles têm até maio para esboçar alguma reação com Travessia.
Caso contrário, o fim antecipado da novela poderá ser providenciado a qualquer momento. Outro fato é o seguinte: não é a primeira vez que isto acontece em um folhetim. Aproveitaremos para relembrar outras situações parecidas com este dilema que a novela das nove está enfrentando. Veja:
As Filhas da Mãe
Imaginem só: um autor faz uma novela direcionada a um público em específico. Porém, este público não sente empatia com a novela e passa a rejeitá-la completamente. Por outro lado, aqueles que não eram o “público-alvo” da trama também passaram a rejeitar a novela.
Foi este o problema de As Filhas da Mãe (2001). A novela não caiu no gosto popular, principalmente no que se referia aos conectivos usados como transição entre um núcleo e outro. O autor chegou a se irritar e jogou a culpa nos telespectadores: “As pesquisas mostraram que o público não entendia nada da novela“.
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Além do Horizonte
Muito antes de Pega Pega (2017), a Globo tentou trazer uma novela com ares de mistério e aventura para a faixa das sete. Foi em Além do Horizonte (2013), estreante em um horário normalmente dominado por tramas leves e humorísticas.
A novela era inspirada em séries norte-americanas tipo Lost, com personagens envolvidos em sumiços misteriosos. Mas, o público não se sentia empolgado com essas buscas pelos desaparecidos, o que provocou uma queda na audiência do folhetim. Para reverter a situação, executivos interviram na trama que só se salvou na reta final.
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Bang Bang
Um dos maiores pesadelos da Globo se chama Bang Bang (2005). Não tinha quem conseguisse digerir esta história, que quase esvaziou os cofres da líder de audiência em prol de algo que literalmente não deu certo.
Ao invés de ir para mais perto e focar no sertanejo brasileiro, a novela foi longe e colocou o country americano na trama. Sem necessidade alguma, ainda existiam personagens falando inglês misturado com português. O próprio nome de alguns personagens eram em inglês.
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Morde e Assopra
Este caso pode se dizer um exemplo de mudança de rumos que acabou dando certo. Morde e Assopra foi ao ar em 2011 e começou lenta e com muitas informações de uma só vez. Ficava difícil de compreender a ligação entre tecnologia, robô, dinossauros e fazenda.
A boa audiência herdada de Ti Ti Ti (2010) foi perdida na medida em que se demorava a explicar alguns detalhes importantes. Para o público poder entender melhor sua novela, o autor Walcyr Carrasco correu e abafou o investimento em tecnologia na trama. A solução deu certo.
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Máscaras
Por pouco, Máscaras não se tornou a nova Metamorphoses da Record. Mas, o motivo era muito simples e tinha relação com a insistência que a novela tinha em não acompanhar o ritmo do público que assistia.
Afinal, a impressão que qualquer um ficava era a seguinte: estava repetitivo e sonolento a insistência da trama em apresentar o mesmo lenga-lenga de que todos têm máscaras e lados ocultos. Mesmo os especialistas da época avisando sobre este problema, o autor não abria mão do que colocava na novela. O resultado foi o término da trama com pífios 5.8 pontos.