Mesmo que não exista um protocolo que regulamente isto, cada faixa de novela da Globo tem uma finalidade. A primeira faixa, conhecida como horário das seis, é mais direcionada aos títulos clássicos, de época e voltada ao público mais velho.
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O horário das sete, por exemplo, traz histórias mais leves e divertidas. Na faixa das nove, são aqueles novelões de encher os olhos, reunir a família e acompanhar reviravoltas de tirar o fôlego.
No entanto, esta regra supostamente definida para as novelas globais parece ter sido deixada de lado em alguns momentos, possivelmente na tentativa de ser mais flexível. Isto acabou causando uma impressão de que estávamos assistindo algumas novelas em horários errados. Exemplificamos nos casos à seguir:
Barriga de Aluguel
Talvez tenha sido depois desta novela que a Globo se tocou que Gloria Perez era uma novelista do horário das nove. Barriga de Aluguel foi uma novela das seis, exibida entre os anos 90 e 91 com grande sucesso.
O tema abordado pela trama era polêmico, porque remetia a uma prática completamente nova para a sociedade daquela época. O folhetim abordava o empréstimo de útero, que acontece quando mães costumam pagar para ter filhos através de inseminação artificial feita em terceiros.
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Barriga de Aluguel não tinha nada a ver com a faixa das seis e tinha todas as características de uma novela das nove. Tanto é que, originalmente, o folhetim havia sido pensado justamente para suceder Roque Santeiro em 1986, ideia posteriormente abortada.
Negócio da China
Altas doses de humor, núcleos com tramas leves e divertidas. Negócio da China foi uma novela que prometeu muito, mas não cumpriu. Isto porque, a novela falhou na missão de segurar o público mais sério e conservador que acompanhava Ciranda de Pedra na mesma faixa.
O fracasso de Negócio da China era inevitável, o que tornou-se ainda mais claro diante da quantidade de coincidências problemáticas que aconteceram ao longo da produção como, por exemplo, a saída às pressas do protagonista Fábio Assunção. Claramente, o título tinha mais a ver com a faixa das sete.
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A Viagem
A Viagem foi mais um caso de novela que não tinha nada a ver com o horário. Exibida na faixa das sete, que é conhecida por contar com produções mais divertidas, leves e alegres, a novela trouxe ares de uma trama das seis.
É válido destacar que o sucesso desta novela independeria completamente do horário de exibição do folhetim. Apesar disto, o horário original de exibição de A Viagem seria justamente a faixa das seis, mas ela foi remanejada para a faixa das sete diante dos atrasos em Vira Lata.
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Mulheres de Areia
Fenômeno da faixa das seis, Mulheres de Areia tinha todos os elementos de uma novela das nove. Não era à toa: trata-se de um remake de uma novela das oito exibida pela Tupi nos anos 70. A história das gêmeas Ruth e Raquel contrastava drasticamente com a faixa em que era exibida.
A exibição de Mulheres de Areia na faixa das seis deu tão certo, ao ponto que a Globo chegou a prolongar a exibição para depois das 19h por várias vezes, como forma de amortecer o fracasso de O Mapa da Mina, trama das sete exibida na época e que estava sofrendo rejeição.
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Esperança
Rejeitada no horário das nove, talvez Esperança tivesse tido uma melhor performance caso fosse exibida no horário das seis. Era uma novela leve, clássica e de época, com todos os pré-requisitos de uma ocupante da faixa que antecede os jornais locais noturnos.
No entanto, para poder satisfazer os anseios de Benedito Ruy Barbosa e com receio de desprestigiá-lo, a aposta não deu certo e a novela fez a Globo sofrer com a baixa audiência. O romantismo presente no enredo fez com que muitos telespectadores morressem de sono, o que dificilmente ocorreria caso a novela fosse apresentada em um horário mais apropriado.
