A novela Nos Tempos do Imperador foi um desastre para a Globo por alguns motivos. Tanto porque não rendeu o esperado, quanto também porque os bastidores da novela chamaram mais atenção do que a própria trama.
Veja também – Provas mostram que Globo montou arsenal para abafar escândalo de racismo em novela
O motivo é bastante delicado e vem sendo acompanhado aqui pelo Resumo das Novelas On. O elenco negro do folhetim relata casos graves de racismo, os quais teriam sido tratados com desdém por parte do alto clero global.
Para censurar o assunto, estaria havendo um esforço de diversas partes para barrar esta denúncia contra um nome importante e protegido pela emissora. Vinicius Coimbra, então diretor de peso da dramaturgia global, teria tratado colegas de trabalho negros na base da humilhação.
Desde condições precárias e segregatórias até o uso de frases como “Elenco pra esse lado, negros pro outro lado” existiam nos bastidores. Pelo poder que ele tinha, as reações contrárias a ele eram tímidas.
Veja também – Diretor da Globo acusado de racismo deixa Mar do Sertão; saiba quem o substitui
Até que as atrizes Roberta Rodrigues, Dani Ornellas e Cinnara Leal resolveram confrontá-lo. Da parte da Globo, foi perceptível uma delicadeza para não incomodar Coimbra, o que se comprovou inclusive com o fato de tê-lo mantido recebendo seus proventos normalmente em meio a um afastamento que findou em uma ida dele para Portugal e posterior desligamento da empresa.
Enquanto isto, o caso vem rendendo e até mesmo os assessores jurídicos das atrizes teriam alertado sobre o perigo em que elas estão enfrentando, sob pena de serem banidas para novos convites para o meio artístico. Rodrigues conseguiu recentemente um papel em A Divisão, do Globoplay.
Veja também – Diretor da Globo teria protegido atores brancos e exposto negros à contaminação por Covid-19
De acordo com a coluna Veja Gente, da revista Veja, Cinnara não abriu mão de discordar da forma em que tudo isto tem sido evitado de se tornar público. Para a atriz, “silenciar não é mais opção” e ela não estaria disposta a “naturalizar” esta questão.
Parte da inquietação teve como resultado uma pressão recebida pelo Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ). O órgão resolveu coletar os depoimentos de Rodrigues, Ornellas e Cinnara na última terça-feira, 12 de julho.
Veja também – Entenda como novela das seis quase esteve na mira de um processo movido pela TV coreana
As atrizes foram representadas por um corpo jurídico, composto pelos advogados Gustavo Proença, Lorena Martins, Djeff Amadeus e Carolina Bassin. No processo, é solicitada uma farta quantia indenizatória, que deve ter como base salarial os proventos recebidos pelo elenco branco de Nos Tempos do Imperador e uma multa por danos morais.
Os advogados não confirmaram as informações à publicação da Veja, nem tampouco negaram. Porém, acrescentaram que o segredo de Justiça impede maiores esclarecimentos sobre o assunto e limitaram a afirmar que os depoimentos das atrizes não foram os únicos: “[…] outros já ocorreram e mais outros ainda ocorrerão”.
Veja também – Confira cinco novelas brasileiras que foram interrompidas às pressas
Um dos representantes do time jurídico das atrizes escreveu: “A luta segue. O MPT abriu investigação para apurar possíveis práticas discriminatórias na novela. Seguimos atuando com firmeza para esclarecer todos os fatos. Vamos com este potente”.