Um fato curioso chamou a atenção do público no primeiro capítulo da reprise de Tieta, no Vale a Pena Ver de Novo: o fato de Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos) ir até o calendário de casa e arrancar a folhinha pertencente ao dia 13 de dezembro de 1968, justamente depois de ter expulsado a herdeira da fictícia cidade de Santana do Agreste.
Na verdade, a cena em questão refere-se ao fato desta data ter a ver com a promulgação do AI-5 (Ato Institucional nº 5), algo que tornou rígida a repressão durante a ditadura militar. De acordo com o site Memória Globo, Aguinaldo Silva acrescentou esse detalhe, à época, como referência à volta da liberdade de expressão na novela brasileira.
Só lembrando que o AI-5 autorizou a cassação de políticos eleitos nas esferas federal, estadual e municipal, além de dar o aval para que o Presidente da República intervisse nos governos locais e, de praxe, permitisse a suspensão de direitos e garantias constitucionais individuais, como habeas corpus. Vale ressaltar ainda que o tal ato virou símbolo do momento de maior violência contra os opositores ao regime militar, já que o mesmo permitiu a institucionalização da tortura, do assassinato e dos desaparecimentos como instrumentos de ação do Estado.
Aliás, Tieta foi exibida justamente no período da redemocratização, sendo que o regime militar havia acabado quatro anos antes da novela, em 1985. Por outro lado, a Censura Federal teve sua extinção em 1988, fato este que deu um pouco mais de liberdade na TV.