Apenas um segundo é capaz de mudar a vida de alguém para sempre. Foi exatamente o que aconteceu, quando um ator importante de Todas as Flores fez uma cirurgia para retirada de um tumor.
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O abcesso foi verificado na região do cérebro e era de teor benigno. Porém, em uma cirurgia reparatória, esta personalidade acabou perdendo 80% de sua visão e atualmente convive com baixa visão.
Estamos nos referindo a Cleber Tolini, responsável por interpretar Márcio em Todas as Flores, futura novela da TV Globo que está atualmente com capítulos disponíveis no catálogo do Globoplay.
Os primeiros sintomas
Em entrevista para a revista Quem, Cleber Tolini contou que tudo começou quando ele estava no início de sua carreira como ator. Aos 23 anos, seu nome estava confirmado para uma turnê de um espetáculo prestes a entrar em cartaz no Rio de Janeiro.
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Porém, começaram a aparecer os primeiros sintomas. Inicialmente foram tonturas, seguidos de zumbidos no ouvido esquerdo. Depois, veio o diagnóstico: “Após várias pesquisas médicas descobri um tumor cerebral benigno“.
A notícia tinha seu lado bom e ruim. O lado bom foi o fato de que existia a possibilidade de uma cirurgia para retirada do tumor. O lado ruim não se limitou ao contexto de se tratar de uma descoberta de tumor no cérebro, mas se estendeu ao fato de que a cirurgia teria consequências.
“A cirurgia poderia me deixar com paralisia facial do lado direito. Nem pensávamos na perda da visão“, relatou Tolini durante a entrevista. Depois que o procedimento foi realizado, se verificou uma pressão anormal no crânio.
A partir de então, começou um novo capítulo na história de Tolini: “[…] após a cirurgia tive uma pressão intracraniana que afetou meu nervo ótico e passei a ter 20% da visão“.
Da ficção para a vida real
Por entender muito bem a realidade de pessoa com baixa visão, Cleber Tolini foi escalado para interpretar o Márcio no núcleo dos deficientes visuais em Todas as Flores. A protagonista da novela, vivida por Sophie Charlotte, Maíra é uma personagem cega e tem amigos que passam pela mesma realidade.
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Tolini começou a atuar quando era muito pequeno. Na medida em que foi crescendo, se especializou e tentou profissionalizar sua carreira. A perda da visão lhe causou um turbilhão de sentimentos: “A única coisa que eu pensava era: ‘Como vou continuar a atuar?’“.
“E foi justamente nesse momento que minha grande amiga Patrícia Pinho me convidou para atuar num espetáculo de improviso e assim foi. Saí do INCA (Instituto Nacional de Câncer) após uma sessão de radioterapia e estreei no espetáculo. Ali iniciava uma nova jornada. O teatro me salvou!“, afirmou.
A luta contra o capacitismo
Segundo constam as literaturas sobre capacitismo, este termo representa toda e qualquer atitude em que coloca uma pessoa com deficiência numa posição de submissão com relação à terceiros. Ao ser escalado para Todas as Flores, Cleber Tolini revela ter se preocupado.
Isto porque, apesar de abordar o capacitismo, a novela teria o risco de reforçar o estereótipo de antagonismo em que os deficientes visuais estão na maioria das produções da TV e do cinema. “Desde que aceitei o trabalho fiquei preocupado em não fazer aquele personagem periférico que só dá ‘bom dia’ e mal existe“, confessou.
No entanto, desde a protagonista, até as tramas e o núcleo formado por um elenco de pessoas com deficiência visual, percebe-se que Todas as Flores segue um fluxo completamente diferente da realidade atual.
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Também, um documentário divulgado no Globoplay intitulado Todas as Flores #PraTodosVerem se demonstra como outra possibilidade de fazer uma espécie de reparação histórica à realidade de deficientes visuais em atuações nas produções brasileiras.
“[…] descobri que os profissionais envolvidos já estavam caminhando léguas na frente e os personagens, apesar de periféricos em relação à trama central, existem, têm representatividade, lutam e vencem o capacitismo“, relatou Tolini.