Um autor consagrado das novelas brasileiras tem uma mágoa que carrega consigo até hoje. Há um bom tempo, a Record se esforça investindo milhões de reais para tornar-se competitiva ao ponto de bater a Globo.
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Este esforço deu resultado em algumas ocasiões específicas, devido o empenho de alguns profissionais reconhecidos pela excelência. Estamos falando de profissionais como Lauro César Muniz, o qual entregou à emissora dos bispos diversos sucessos.
Entre seus sucessos, estão Cidadão Brasileiro e Poder Paralelo. Ambos os títulos são considerados até hoje uma das melhores novelas da TV brasileira fora da Globo. Isto porque, Muniz foi uma cria da emissora carioca e trouxe de lá sua experiência.
Quando não era o autor principal, Lauro César Muniz estava em grandes novelas globais como colaborador ou roteirista, como foram os casos de Roda de Fogo (1986), Mandala (1987), Perigosas Peruas (1992) e Sonho Meu (1993).
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O novelista só trabalhava ao lado de autores como Dias Gomes, Ivani Ribeiro, Ferreira Gullar, Manoel Carlos e outros nomes de peso. Em 2012, fruto da terceira parceria dele com a Record, surge a novela intitulada Máscaras.
A trama começou a ser criada imediatamente ao fim da exitosa experiência de Poder Paralelo. Para compor Máscaras, Muniz se preparou por longos anos e se inspirou em thillers americanos. A novela teve um elenco de peso, com nomes como Fernando Pavão e Paloma Duarte no protagonismo.
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As peças publicitárias de divulgação de Máscaras impressionavam pela qualidade, que era vista também nos primeiros capítulos. No entanto, em certo momento, percebia-se que o folhetim estava desandando. Isto acabou se refletindo na audiência.
Os críticos entraram em um consenso de que Máscaras perdeu o tom. Até mesmo o próprio elenco da trama estava ficando insatisfeito, com o caso de uma atriz que chegou a pedir demissão em público. Na ocasião, Luíza Tomé declarou: “Perdi a vontade, o tesão de gravar”.
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A cada capítulo exibido, a imprensa engrossava o coro contra a novela. O elenco chegou a se reunir, fazendo uma carta aberta aos críticos como forma de blindar o clima de tensão existente nos bastidores: “Esta, que será a última novela de Lauro Cesar Muniz, tem sido tratada de forma tão equivocada por alguns veículos da mídia, sem o cuidado de prestar atenção ao texto deste grande dramaturgo”.
Com tudo insustentável, a Record decidiu encurtar a novela e encerrá-la em seu 80° capítulo. A queda de audiência da faixa chegou a superar os 50%. Entretanto, Lauro César Muniz acredita que isto foi resultado de um boicote interno.
Em entrevista ao Notícias da TV, afirmou: “Não tenho provas para falar em sabotagem, mas parecia que o comitê artístico estava em choque com o RecNov. Quem vivia nos escritórios da Barra Funda percebia isso. Eu comecei a me sentir o bode expiatório dentro de um guerra de poder”.
“[…] a Record cometeu um erro gravíssimo. Colocou, antes de Máscaras, uma reprise de Vidas Opostas, uma novela ótima do Marcílio Moraes, talvez a melhor já feita na emissora. Mas havia 14 atores comuns nas duas novelas. Isso foi desastroso. O público fazia piada com os atores. Falavam: ‘Como você consegue ser pobre numa novela e ficar rico na outra?'”, desabafou, colocando a culpa da emissora dos bispos.
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Questionado se gostaria de voltar para lá, ele falou que a Record é imperada pela inexperiência: “Nos nove anos em que trabalhei lá, me senti isolado. Nunca me chamaram para um reunião para discutir televisão. Nem para dar palestras nos cursos de atores e roteiristas me chamaram. Acompanho a vida da emissora pelos jornais”.
“A teledramaturgia nunca teve um diretor experiente como o jornalismo. O diálogo é difícil. Todos os profissionais da área, autores, diretores, elenco, técnicos, conhecem mais o trabalho do que os diretores executivos. As pessoas que cuidam da teledramaturgia se esforçam, mas não são do meio. Por que não se busca um profissional à altura do cargo?”, completou.