Uma cena em que a coordenadora do colégio Ruth Goulart conversa com a aluna negra, Kessya (Duda Pimenta), sobre o roubo de uma parte de uma escultura, gerou revolta em muitos telespectadores da novela As Aventuras de Poliana. Na internet, os fãs da novelinha infanto-juvenil do SBT classificaram como racismo o diálogo entre as duas. A emissora de Silvio Santos se defendeu e disse tudo faz parte da tentativa de promover a luta contra o preconceito racial.
O polêmico diálogo entre Kessya e Helô (Eliana de Souza) aconteceu no capítulo que foi ao ar na quarta-feira passada, dia 08 de agosto. Em nota enviada ao site Purepeople, o SBT deu uma outra explicação para as falas: “A coordenadora do colégio quis convencer a menina que aquele estereótipo de que o negro é sempre culpado à primeira vista não pode prevalecer”.
“A novela [As Aventuras de Poliana] tem o papel de debater questões sociais como o enfrentamento ao racismo, citando vários exemplos. Prova disso, no capítulo 60, no ar nesta terça-feira, houve a cena onde o texto exalta que o racismo é coisa de gente ignorante. E no capítulo 61, ainda no mesmo contexto que foi ao ar ontem, a coordenadora do colégio quis convencer a menina que aquele estereótipo de que o negro é sempre culpado à primeira vista não pode prevalecer, mostrando-a uma nova perspectiva. Se instalou uma polêmica que não existe. A novela é uma obra de ficção para entreter e não polemizar”, informa o comunicado da emissora da Anhanguera.
A conversa entre a aluna e a coordenadora do Ruth Goulart aconteceu depois da adolescente ter sido acusada de quebrar e roubar uma parte de uma escultura exposta no colégio. Kessya se mostrou triste e chateada com o fato de terem acusado ela de roubo por ser negra e bolsista. Helô, por sua vez, tentou convencer a jovem de que não se tratava de nada disso e que a garota precisava tirar da cabeça esse costume de achar que tudo que acontece de ruim com é pelo fato de ser negra.
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Confira o diálogo:
“Kessya, mas eu posso falar por mim e, da minha parte, você pode ter certeza que, se o nariz da escultura tivesse sido encontrado na bolsa de uma menina branca, não teria feito a menor diferença”, afirma a coordenadora, mas não consegue convencer a estudante. “A desconfiança seria a mesma até que nós tivéssemos provas contrárias”, emenda Helô.
“Se fosse a Filipa (Bela Fernandes), se o nariz tivesse aparecido nas coisas dela e ela dissesse que alguém tinha colocado aquilo lá, vocês iriam acreditar? Sim! Porque ela é branca, rica e ninguém aqui da escola quer se complicar com os pais dela. Mas já o meu caso é diferente”, reclama a filha de Gleyce em As Aventuras de Poliana.
A coordenadora então tenta convencer a aluna de que o funcionamento do Ruth Goulart é diferente, mas ela discorda: “Mas porque eu sou negra todo mundo já fica desconfiado. Tipo, ‘só pode ter sido a Kessya mesmo'”.
“Kessya, sabe qual é um dos maiores culpados do preconceito?”, pergunta Helô. “Os racistas!”, responde a bolsista. “Não! A nossa cabeça! Para que os outros parem de ver a nós, negros, como diferentes, nós precisamos parar de nos ver como diferentes, como piores ou melhores do que determinada raça”, retruca a coordenadora.
“Eu não me acho pior ou melhor que ninguém”, afirma a estudante. “Você ainda vai ter tempo para pensar sobre isso. E não se esqueça, Kessya, que para tudo mudar, a mudança tem que começar primeiro dentro da gente”, finaliza Helô.
As Aventuras de Poliana, novela escrita por Íris Abravanel, vai ao ar de segunda a sexta, por volta das 20h50, no SBT.
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CONFIRA O VÍDEO DA CENA POLÊMICA: