Que os anos 80 foi um ano de auge para a teledramaturgia brasileira e sucessos inesquecíveis, isto é um fato. Mas, que teve novelas as quais nunca, sob qualquer hipótese, chegariam a serem exibidas hoje em dia, é algo bastante emblemático.
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Principalmente a Record, jamais exibiria esta novela. De autoria de Gloria Perez, ela embarcou em um projeto num cenário semelhante ao atual. Era uma época onde a Globo contratava por obra.
Assim, abriu-se brecha para Perez ser contratada pela concorrência. No auge da Manchete, a autora esteve por lá e lançou um título considerado bastante polêmico.
Intitulada de Carmem, a novela de 1987 era toda voltada ao candomblé, religião de matriz africana a qual é bombardeada pelo preconceito. Começa com um pacto feito entre a protagonista homônima ao título da trama (interpretada por Lucélia Santos) e o espírito Pombagira.
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A cena do pacto teve exibição em pleno horário nobre e, na história, uma das condições eram que a personagem de Lucélia não se apaixonasse. Sem cumprir este objetivo, ela perde tudo e vai ao completo fundo do poço.
Além disto, o enredo de Carmem contou com uma abordagem ao HIV e a homossexualidade. Também, teve muitas cenas de nudez em um período onde o conservadorismo era endossado pelos resquícios da ditadura militar e da censura.
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Reprisada uma única vez pela extinta Manchete, não se sabe atualmente qual o paradeiro das fitas de Carmem. Mas, certamente, esta novela seria um tabu para os tempos atuais diante de tanto preconceito existente na sociedade.
“conservadorismo era endossado pela ditadura militar”
em 87 não havia mais ditadura