De volta às novelas 18 anos após a sua última participação em folhetins, que foi em As Filhas da Mãe (2001), Regina Casé se comoveu com a história de Lurdes e aceitou dar vida a esta protagonista.
“Vai ser brabo, já tem sido, mas me programei muito. Eu estava com um novo programa engatilhado para entrar no ar em outubro de 2018, quando fui convidada para a novela. Fiz esta escolha, quis me dedicar, e avisei em casa que iria sumir”, conta Casé ao Uol.
A atriz seguiu defendendo sua personagem: “Lurdes é uma mulher como a maioria das brasileiras, nordestinas principalmente: sua vida é trabalhar e defender seus filhos. Ela tenta dar a eles dignidade, princípios, exemplos de honestidade. Acho que esta personagem não pode ter nenhum momento racional. Ela é só emoção e coração”.
“Olha que bacana para uma atriz: eu leio uma cena e já fico ansiosa para gravar logo porque quero ver aquilo acontecer. O texto da Manuela [Dias], a fotografia do Walter Carvalho, a direção artística do José Luiz Villamarim… É tudo o que eu sempre quis”, disse a ex-apresentadora do Esquenta!.
“A ficção, atualmente, é uma maneira mais suave, doce, para conversar com as pessoas. Elas estão muito arredias, não conseguem se ouvir. Por meio da emoção e do amor de mãe, contando com a minha atuação, acho que é mais fácil ser uma ponte entre as diferenças, algo que sempre fiz”.
REGINA CASÉ EM DOSE DUPLA:
Casé ainda se comparou a Lurdes: “Temos o defeito da superproteção. Sempre digo que amor de mãe é uma droga poderosíssima, com que você vê e sente coisas que não existiam antes. Ser mãe por adoção é um contato direto com o mistério, é como colocar um plug no sagrado. Eu não conhecia Roque num dia e, no outro, eu o amava tanto quanto amo Benedita. Achava que seria uma construção, mas não. É um troço estranho que vem de um lugar maluco”.
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“A minha heroína não é linda, maravilhosa, a Barbie. A minha heroína é a babá”, reforça Manuela Dias, a autora da novela. “A novela é uma louvação a essa mãe guerreira, a esta luta pala vida. É isso que me comove, esse ser humano na luta para ficar vivo, para ser bom”, diz.
E seguiu filosofando: “Eu vejo as pessoas querendo ser boas na vida. Foder com o outro, desculpe a expressão, é muito pequeno. No fundo, as pessoas querem ser bacanas, querem ser respeitadas, querem desenvolver suas individualidades. Mas tem muita falta de oportunidade, é muito difícil, muito pouca ferramenta e por aí vai”.
NADA DE RAZÃO… SÓ EMOÇÃO:
“E tem a emoção, além da questão da humanidade. Porque eu realmente não escrevo com a minha cabeça e não quero comunicar com nenhuma cabeça. Eu escrevo com o meu coração e com as minhas vísceras e quero comunicar com o coração e com as vísceras tuas. Acho que a transformação vem pelo coração, não pela cabeça”, relata Manuela ao Uol.