Colocar expectativa é um dom natural do ser humano. Não foi diferente em 25 de setembro de 1989, quando estreava um projeto criado por Ivani Ribeiro: a novela O Sexo dos Anjos. Aos mais novatos que desconhecem, esta figura foi responsável por novelas clássicas.
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Ribeiro é uma das autoras de novelas mais respeitadas e fez escola para inspirar os autores de sucesso dos tempos atuais. Esta dramaturga nos deixou em 1995, mas deixou um legado que até hoje é incontestável.
Coube a ela também criar sucessos implacáveis e O Sexo dos Anjos foi um destes casos. A média geral da trama foi de 41 pontos, o que alcançou as expectativas de faturamento e repercussão almejadas pela emissora de TV.
Por outro lado, Ivani esperava mais. Tanto é que, para pessoas próximas, ela nunca escondeu que não gostava do que estava fazendo. Até porque, a autora estava revivendo um trabalho muito importante em sua carreira, feito em 1968.
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O Sexo dos Anjos foi um remake de O Terceiro Pecado, novela exibida pela extinta TV Excelsior. Para o estudioso Ismael Fernandes, um dos motivos estava no fato de que originalmente a história tratava de uma narrativa de época.
O remake feito pela Globo foi baseado numa obra que se passava nos anos 20, o que tornou algumas readequações incoerentes para a contemporaneidade retratada pela trama: “Era impossível acreditar nessa fábula sobre a morte no conturbado mundo atual“.
Desde os primeiros momentos, as expectativas da autora em torno do desenvolvimento do folhetim foram completamente frustradas. De acordo com informações do pesquisador Nilson Xavier, a Globo discordou da opinião de Ivani Ribeiro com relação ao título do remake.
Para Ribeiro, o nome da novela não tinha relação com a trama. Na prática, se demonstrou que o posicionamento da autora fazia completamente sentido, uma vez que este termo é controverso e sem nenhuma relação com o que era apresentado ao longo dos capítulos.
Então, quem estava ao redor da novelista, sabia que ela não estava gostando de seu próprio trabalho. A autora Carolline Rodrigues, que escreveu um livro sobre Ivani Ribeiro, também foi taxativa ao afirmar este descontentamento da consagrada novelista: “Não correspondeu à sua expectativa“.
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Tendo conhecimento deste inconveniente, a Globo decidiu respeitar Ivani. Pois, apesar de tudo, ela esteve firme diante de seu compromisso e continuou desenvolvendo a novela até o fim, ao lado de Solange Castro Neves.
Portanto, para que ela não se sentisse desprestigiada ou sequer houvesse algum desconforto, a emissora carioca decidiu que O Sexo dos Anjos entrasse para a conhecida lista de novelas que os executivos passam longe no momento de escolha de suas reprises.