A novela Segundo Sol, atualmente em sua reta final no horário das 21h da Globo, causou polêmica antes mesmo de estrear. Isso por conta do baixo número de atores negros escalados para o folhetim, o que foi visto como uma incoerência, já que ele é ambientado na Bahia, com alta porcentagem de afrodescendentes entre a população. Em entrevista concedida à revista Veja, o autor João Emanuel Carneiro assumiu o erro, que classificou como desatenção.
“Reconheço que foi uma falha. Eu deveria ter sido mais atento à questão da representatividade racial, ainda mais se tratando de uma novela que se passa em Salvador, uma cidade de maioria negra tão evidente […] Agora, escrever novela é um trabalho feito de cambulhada. É na urgência do momento. Então você comete erros. Simples assim. Ainda mais nesse caso, em que minha entrada no ar foi antecipada em vários meses e o elenco teve de ser escalado às pressas”, disse.
JEC, como também é conhecido, ressaltou a importância das novelas como fator social. “Novela é como se fosse um serviço público. As pessoas nos cobram como se reclamassem de ter acabado a água encanada em casa. Acho engraçado quando o povo diz: ‘Mas que porcaria, a Luzia (Giovanna Antonelli) foi enganada de novo’. Como se a pessoa não tivesse outra opção na vida a não ser ver novela”, contou ele, que reconhece que assume grande responsabilidade.
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“Ela poderia fazer qualquer outra coisa: cozinhar, dar um passeio, navegar na internet. Quem escreve novela, ainda mais a do horário das 9, tem de ter a humildade de reconhecer que a está fazendo para os outros. Você entra nas casas, hospitais, até em presídios. É impressionante. Se penso muito nisso, fico paralisado. É um peso enorme”, contou. JEC citou ainda o grande reconhecimento nas ruas.
“Outro dia, uma caixa de supermercado me falou: ‘Ah, por que Segundo Sol já vai terminar em novembro? Podia ir até janeiro’. Dá vontade de matar a pessoa que diz isso. Tenho de terminar essa novela em algum momento. O noveleiro luta para pôr sua novela no ar, e depois para sair do ar. Você quer que aquilo acabe um dia. Eles falam assim porque sentem como se a novela fosse deles”.