Muito tem se falado que a Globo perdeu boa parte de sua audiência para uma parcela de público que não compactua com as abordagens feitas por suas novelas de uns anos para cá. Foi assim que a Record passou a ganhar destaque com suas tramas bíblicas.
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Para tentar fazer as pazes com parte deste público tradicionalista, será lançada até o final do ano uma novela voltada aos evangélicos na Globo. Será a primeira vez que haverá uma investida neste segmento, já que até então os evangélicos eram caricaturados ou ironizados em produções globais.
Mas os conservadores no geral, há muito tempo não se sintonizam com a política da Globo de se posicionar. Foi assim que, há 42 anos atrás, uma novela das seis chegou tentando fazer barulho e não deu muito certo. Intitulada Marina, a trama foi exibida em 1980.
Escrita por Wilson Aguiar Filho, a história baseava-se em Marina Marina, obra de Carlos Heitor Cony. Diversas mudanças foram feitas com relação ao romance original, principalmente no que se referem aos personagens e algumas discussões feitas.
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Apostaram-se em dois grandes objetivos principais: o primeiro, foi colocar características familiares ao público em um outro sucesso, Água Viva. Então, trouxeram elementos de ambientação semelhantes à trama de sucesso, que se passava em boa parte nas praias.
Também, colocaram-se núcleos que representavam temáticas espinhosas. Para a época em que a novela estava sendo exibida, a proposta se mostrou bastante ousada. Alcoolismo, etarismo, preconceito racial, problemas entre pais e filhos, feminismo e machismo foram algumas das abordagens feitas.
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Mas, nada disto deu certo e a tentativa de “lacrar” não pegou bem. A novela sentiu o gosto amargo da rejeição, com audiência morna para a época. Diante da falta de repercussão num período onde as novelas costumavam fazer sucesso, Marina teve uma duração considerada baixíssima: apenas 137 capítulos.