A Globo trará de volta mais uma novela que estava esquecida em seu acervo. A emissora já bateu o martelo sobre o retorno de Espelho Mágico (1977), trama que ousou ao retratar os bastidores da TV e marcou a estreia de Vera Fischer nas novelas.
Nunca reprisado, o folhetim retornará em janeiro no Globoplay. No entanto, terá disponível na plataforma somente os poucos capítulos que foram preservados desde a sua produção, na década de 70.
No elenco, estão nomes como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Lima Duarte, Juca de Oliveira, Yoná Magalhães, Daniel Filho e Sônia Braga, entre outros artistas de peso. Além disso, a trama contou com a estreia de Tony Ramos na Globo — antes disso, ele só havia feito novelas na extinta TV Tupi.
Quando volta Espelho Mágico?
A estreia de Espelho Mágico no Globoplay está marcada para o dia 20 de janeiro, segundo informações do colunista Duh Secco. No entanto, a trama retornará por meio do Projeto Fragmentos, que traz de volta obras com poucos capítulos preservados.
No caso do folhetim protagonizado por Tarcísio Meira (Diogo) e Glória Menezes (Leila), dos 150 capítulos que a Globo produziu, apenas seis capítulos estão preservados nos arquivos da emissora e ficarão disponíveis no streaming.
Público rejeitou inovação
Escrita por Lauro César Muniz, Espelho Mágico foi exibida pela Globo originalmente entre 14 de junho e 5 de dezembro de 1977, no horário das oito. A promessa da obra era retratar os bastidores do mundo da televisão.
Ousada, a trama retratava o que acontecia nos bastidores da televisão, com uma novela dentro da novela. Além disso, alguns personagens também montaram uma peça de teatro.
No entanto, o folhetim inovador deu errado e acabou se tornando um grande fracasso de audiência que afundou os índices da faixa das 20h. Por conta da rejeição do público, nunca teve reprise.
Fiasco e arrependimento da Globo
Na época, o ibope da trama foi desastroso, chegando a derrubar os números do horário em até vinte pontos. “Para mim, é claro que, para fazer uma paródia revelando os truques a que recorríamos para fazer as novelas, devíamos utilizar outros gêneros que não a própria novela. Foi uma queda de quase 20 pontos na audiência, numa época em que a TV Globo era a dona absoluta no horário”, apontou o diretor Daniel Filho em seu livro, O Circo Eletrônico.
“Às vezes, a novela não tem solução, fica se arrastando até o final. Espelho Mágico não tinha solução, a não ser terminar o mais breve possível”, declarou ele, que fez parte do elenco da novela, além de assinar a direção.
Em seu depoimento ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, o autor Lauro César Muniz revelou que José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então chefão da Globo, o chamou em sua sala para questionar sobre o desfecho da trama. No entanto, ao expor suas ideias, o novelista escutou do diretor que o público queria que a novela terminasse logo.
Fiasco, Espelho Mágico jamais foi reprisada e acabou se perdendo ao longo das décadas. Com isso, restaram somente alguns poucos capítulos.