Oficialmente não se comenta sobre o assunto, mas o meio artístico é cheio de “arrumadinhos”. São pessoas que se promovem através de acordos verbais, os quais muitas vezes chegam a deixar de lado o profissionalismo que deveria existir.
Veja também – Após 13 anos, despedida de atriz global que tomou veneno de rato ainda choca: “Deus me perdoará”
Diante disto, muitos artistas acabam não tendo oportunidade de uma projeção justa na carreira. Assim, tem quem fique no anonimato por não contar com os famosos apadrinhamentos. É o caso do ator Ricardo Macchi.
Logo em seu primeiro papel, ele ficou eternizado com o papel mais marcante de sua carreira. Interpretando o Cigano Igor em Explode Coração (1995), além de ganhar destaque nacional, também emendou diversos trabalhos importantes na Globo.
No entanto, depois de um papel fixo em Por Amor (1997), as oportunidades foram ficando escassas. O ator passou a fazer apenas pequenas participações em programas e novelas da emissora carioca. Até 2002, ficou sem emprego, quando o SBT o convidou para participar da segunda edição da Casa dos Artistas.
Veja também – Ex-global que fez sucesso nos anos 80 teve carreira destruída após cometer roubo
Depois do reality, ele continuou com a dificuldade de emplacar convites e teve uma breve passagem pela Record, nas novelas Metamorphoses (2004) e nas duas temporadas de Os Mutantes (2007-2008). Mas, apesar da escassez de oportunidades, sempre manteve a cordialidade e o bom relacionamento com os colegas.
A questão é que Macchi nunca foi conhecido por apadrinhamentos. Teria sido assim que, durante Sangue Bom (2013), uma autora o alfinetou durante uma cena. Na novela, havia uma sequência em que Madá (Fafy Siqueira) olhava para Bárbara Ellen (Giulia Gam) e soltava uma provocação ao personagem feito pelo ator em 1995.
“Não foi capaz nem de fazer par com o cigano Igor!”, diria Madá à filha, que é uma atriz decadente. A questão é que, assim que colegas souberam que a cena seria gravada, eles correram para comunicar a Ricardo Macchi.
O ator se sentiu duramente ofendido pela forma pejorativa em que seria “homenageado”. “Com 24 anos de idade, estreio sem amigos, recusando convites de assédio sexual, sem coach, sem ser de patotinha alguma, sem direção alguma de ator”, desabafou ele, em uma publicação.
Veja também – Musa global se viu prestes a ter mão amputada e carreira interrompida após mordida de gato
Em outro trecho, Macchi atribui isto ao fato de não ser “baba-ovo” ou, em um português mais claro, por não ter apadrinhamentos que facilitem sua vida nos bastidores. “Destruir a vida de alguém que não baba-ovo de ninguém sendo dissimulado é fácil? Me mantive resignado durante 17 anos! Agora passaram dos limites, da falta de senso de respeito!”, disse ele.
Procurada para comentar o caso, a autora de Sangue Bom falou da situação com ironia. Para o UOL, ela disse que não acompanhava redes sociais e que, portanto, não sabia do desabafo do intérprete do Cigano Igor.
“Obrigada por me avisar. Tudo que não queremos é magoar pessoas já tão magoadas”, disse Maria Adelaide Amaral. Em outra entrevista sobre o assunto no jornal O Globo, ela própria alfinetou Macchi: “Não queremos ferir suscetibilidades”.
Veja também – Morte, acidente, doenças e mais: Suposta praga destruiu novela global e sobrou até para autor
Para quem não sabe, o significado de “suscetibilidade” é ser sensível. Ou seja: para ela, tudo não passou de uma brincadeira. Para Ricardo Macchi, o qual na época estava sem trabalhar, o ocorrido em Sangue Bom foi uma provocação de extremo mal-gosto.
Hoje em dia, Macchi tem 52 anos e é diretor artístico e sócio-proprietário da TV8, produtora e emissora de TV de São Paulo. Sua última aparição foi no filme Como Hackear Seu Chefe (2021). Na TV, o último trabalho foi no sitcom Dra. Darci (2018) no Multishow.