Os autores de Bom Sucesso estão em alta com o público e com a Globo após os seus êxitos no canal carioca: primeiro, Malhação – Sonhos, que foi muito bem entre 2014/2015. Depois, Totalmente Demais (2015). Agora, Bom Sucesso.
Em entrevista ao Uol, eles avaliaram a novela e comentaram quais foram as suas maiores surpresas com a trama, em termos de aceitação e repercussão. “Na verdade, a pré-sinopse começou através da Paloma, uma mulher com dupla, tripla jornada, que trabalha longe de casa e é chefe de família”, conta a autora Rosane Svartman.
Ela prossegue: “Quando eu li uma estatística sobre o número de mulheres nessa situação fiquei me perguntando o que aconteceria se alguém desse para elas uma chance de se reinventar, de refletir sobre o presente e principalmente o futuro. Bem, achei que um bom estopim para isso seria ela achar que iria morrer”.
“Obviamente, fomos buscar conflito e um personagem que pudesse ser a antítese dessa mulher. Para começar, alguém que sabe que vai morrer e que acha por um momento que está curado. Mais que isso, um personagem que sempre teve tudo que quis, ao contrário de Paloma. Se Paloma, apesar da vida dura, era solar, esse personagem precisava ser rabugento; se ela era generosa, ele precisava ser egoísta e assim por diante”, relata Rosane ao Uol.
O QUE DIZ O AUTOR DE BOM SUCESSO:
Já o autor Paulo Halm contou que não comprou logo de cara a ideia de uma protagonista que acha que pode morrer a qualquer momento. “Na verdade, quando a Rosane veio com essa ideia de um personagem doente terminal, eu reagi um pouco. Minha filha Maria tinha acabado de nascer e eu estava cheio de vontade de falar sobre vida, sobre começos, descobertas e não sobre morte ou finais de jornadas”.
“Mas logo percebi que nada mais interessante e rico para falar justamente da beleza da vida do que aquele momento em que nos damos conta da nossa finitude, e de como é importante saber exatamente aquilo que é fundamental e necessário em nossa existência. As poucas, mas realmente importantes coisas que valem a pena serem vividas e partilhadas com aqueles que amamos e com quem convivemos”.
Ele resume: “Em linhas gerais, de forma bem sucinta, a trama de Bom Sucesso é o encontro entre uma pessoa com uma vontade enorme de viver e descobrir coisas, mas sem condições materiais que lhe proporcione ter acesso a essas experiências, com outra pessoa que possui as condições materiais necessárias para uma vida plena e que por isso acha que já viveu e experimentou tudo”.
Sobre as surpresas que a novela trouxe, Rosane conta: “Muita coisa me surpreendeu, mas acho que uma história pontual que me chamou muita atenção foi a história do Waguinho. Explico. Ficamos com bastante receio de tratar de compulsão, vício, doença, violência em uma novela das 19 horas e mais ainda da reação do público”.
A roteirista de Bom Sucesso segue: “Mas na pesquisa ouvimos muitas mulheres falando que têm jovens da família ou amigos dos filhos que passaram por isso e que para elas foi muito bom assistir uma história de superação. Era uma trilha narrativa que sempre era mencionada espontaneamente nos grupos de discussão. Fiquei bem feliz”.
AS SURPRESAS…
Paulo Halm deu a sua versão das surpresas: “Me surpreendeu muito as pessoas embarcarem nas “viagens” proporcionadas pelas leituras dos livros e demais textos, da mesma forma que a Paloma viajava ao ouvir os relatos de Alberto”, disse o autor da novela das 19h da Globo.
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Paulo conclui: “Se formos pensar que o espectador de telenovela, especificamente do horário das sete, sabidamente um horário em que há uma dispersão enorme por parte das pessoas que estão chegando em suas casas, vindas do trabalho ou da escola, se preparando para jantar, parou para escutar pessoas falando trechos de livros, trechos de poemas, textos densos, longos, num jogo cênico e num ritmo que mais se aproxima do teatro por conta da valorização da palavra, bom, isso é realmente surpreendente”.