Depois da pandemia, as edições especiais de novelas tomaram de conta da televisão brasileira. O termo nada mais é do que uma versão gourmetizada para reprises. O que diferencia uma edição especial de uma reprise são as cenas inéditas exibidas pela novela, além do fato dos cortes nas cenas serem mais brandos. Mas, este último ponto acabou causando uma polêmica nos últimos dias.
A autora de Pega Pega, atualmente ocupando a faixa das sete em uma edição especial, reclamou no Twitter que uma cena importante da novela não foi ao ar. “Caramba, as cenas que levam o Júlio [Thiago Martins] a se entregar ficaram no churrasco?”, alfinetou Claudia Souto nas redes sociais.
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Logo depois, a mesma explicou o porque de ter se desagradado da atitude dos globais: “Eu sempre soube que [seria] um compacto da novela, porque Cara & Coragem [novela que ela prepara para a faixa das sete] estreia em maio, depois de Quanto Mais Vida, Melhor [próxima trama do horário, prevista para 22 de novembro]. Precisa condensar 184 capítulos em pouco mais de 100. Mas esse era um capítulo importante!”.
Diante desse burburinho, vamos relembrar os casos mais fatídicos de autores da Globo que colocaram a boca no trombone e não pensaram duas vezes ao detonarem a própria emissora em que são contratados:
Manoel Carlos
A década de 80 foi intensa para Manoel Carlos. O autor começou na Globo em 1978 e era considerado um dos medalhões da dramaturgia da casa. Em 1982, Maneco simplesmente abandona a novela Sol de Verão pelo meio. Inicialmente, a justificativa era o luto pela morte de seu amigo pessoal, o ator Jardel Filho, que também protagonizava a mesma novela. Assim, além de ter que lidar com uma novela no ar sem protagonista, a Globo também se surpreendeu com a saída repentina de Maneco.
A atitude teria sido responsável por abalar a relação amistosa entre o autor e a emissora carioca, culminando em sua ida para a Manchete. Por um lado sendo considerada compreensiva por entender a saída inesperada dele, entendeu-se em um primeiro momento que o luto pela morte de Jardel Filho teria sido o único motivo para a saída de Manoel Carlos. Porém, tudo teria sido uma somatória de fatores aos quais, anos depois, o próprio declarou qual seria o principal motivo.
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“Me sentia abusado e pressionado 24 horas por dia”, disse Manoel à imprensa sobre sua saída da Globo, em um relato publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo. O casamento entre as partes foi reatado em 1991, quando o autor retorna com todo o gás e, após um hiato de quase dez anos, lança um folhetim de sucesso: a novela Felicidade.
Benedito Ruy Barbosa
Como se sabe, Benedito Ruy Barbosa tem o costume de fazer novelas com temáticas sobre imigrantes e a vida rural. Em 1999, chama a atenção com Terra Nostra. Anos depois, tenta fazer uma segunda temporada da novela, mas é barrado e adapta a obra para se tornar a trama das seis Esperança, no ano de 2002. Mesmo que maquiada, Esperança ainda continuava sendo uma continuação de Terra Nostra.
O que teria desfeito tudo foi a saída de Ruy Barbosa, que adoeceu e teve que entregar os trabalhos da novela aos cuidados de Walcyr Carrasco. Só que, quando começou a ver a novela no ar, Ruy Barbosa teria alertado que Esperança estava indo para rumos que ele não esperava. Mas, ao não ter suas reclamações atendidas, Ruy Barbosa passou a reclamar publicamente contra a Globo.
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No centro da discórdia, Walcyr era blindado pela emissora, que via Esperança reagir na audiência em sua reta final. A principal reclamação de Benedito Ruy Barbosa era que estavam “estragando tudo”. Recentemente, ao ser questionado sobre o caso, Walcyr Carrasco ironizou: “Gostaria de lembrar que peguei a novela com 32 [pontos] de audiência e entreguei, no último capítulo, com 54. Não acho que estraguei tudo, não”.
Aguinaldo Silva
Este é o caso mais recente de desgostos entre autores e emissoras. Aguinaldo Silva frustou a Globo, após anunciar O Sétimo Guardião com pompas e entregar uma verdadeira bomba. Fiasco em audiência, polêmicas com o elenco pedindo para deixar a novela pelo meio, roteiristas acusando o autor de plágio: estes foram apenas alguns dos mais diversos motivos que fizeram a Globo pedir que Aguinaldo se retirasse de seu elenco.
Assim, diferentemente dos demais casos, foi a Globo que não quis mais o autor. Ficou um desgosto diante de tamanha reviravolta, que se acentuou quando Aguinaldo brigou com dois nomes importantes da emissora. Primeiro, foi as farpas que trocou com outro autor, o Walcyr Carrasco. Depois, não reconheceu o fracasso de O Sétimo Guardião (2019) e jogou a culpa no diretor, Rogério Papinha.
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Com o clima insustentável, restou a emissora carioca concluir a história que tinha com Aguinaldo Silva. Educadamente, o autor disse durante entrevista para a Record que não guardava mágoas da Globo. Porém, ponderou: “Quando as coisas são assim muito oficiais, depois de uma relação tão longa e que rendeu tantos frutos para ambas as partes, essa coisa assim meio burocrática, oficial, é meio chocante. E eu fiquei um pouquinho magoado com duas ou três pessoas que também não estão mais lá”.