Em Verão 90, Lidi Pantera, vivida por Cláudia Raia, é uma ex-atriz de pornochanchadas, um gênero cênico que fez muito sucesso no século passado no Brasil. Mas atrizes que realmente participaram desses filmes estão chateadas e contaram o que sentem pelo fato de não terem sido chamadas para a trama da Globo.
“A Claudia Raia está maravilhosa e bastante fiel, mas quando a Elizabeth Savalla recebeu as chacretes [em ‘Amor à Vida’, quando interpretou Márcia, uma ex-chacrete], eram realmente elas. Não estou querendo fazer, mas é impressionante porque parece que ficamos invisíveis. Porque nos discriminar, nos colocar num lugar de invisibilidade?”, questionou Nicole Puzzi, famosa atriz que fez muito sucesso no gênero.
Nicole, que há alguns anos apresenta o programa “Pornolândia”, no Canal Brasil, defende com unhas e dentes seu trabalho. “Nós fazíamos filmes. Esse termo pejorativo dois críticos que estão vivos e só falam de filmes internacionais criaram. Não era só sexo”, afirma Puzzi.
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E acrescentou, enaltecendo o seu trabalho: “A pornochanchada foi o maior movimento fílmico do mundo, mas o com o maior preconceito cultural. As pessoas falam mal dos filmes da Boca por pura ignorância. Nunca me arrependi de ter feito. Fiz filmes sérios. Aprendi sobre filósofos alemães, jazz, grandes filmes da década de 30, 40…”, continua.
A atriz Monique Lafond concordou: “Nunca me senti fazendo pornochanchada, fazia filmes. As mulheres eram objetos de desejo, sim. As cenas que fazíamos de sexo nos anos 70 não eram um décimo das que entram na sua casa na novela das 9. Rotularam porque fizemos muito sucesso, deu um ‘boom’ louco. Tenho meu nome por causa do cinema nacional. Mas não fui aproveitada na telinha como poderia até hoje”, lamenta.
Rita Cadillac, que participou de filmes do gênero como “Aluga-se Moças” (1982), pensou diferente. “Discordo totalmente. Eu trabalhei, nunca tive problema quanto a isso. Fiz filme para adultos depois de alguns anos, fui convidada para novelas depois. Não acho que tenha a ver ter feito pornochanchada ou adulto e não ter vez, vai de você mostrar o seu respeito”.
Puzzi não concordou e rebateu. “Não é o lugar de fala dela. Ela nunca foi atriz de cinema, era chacrete. Deve ter sofrido preconceito, pois fez os filmes pornográficos depois, por necessidade. Eu não condeno, já me convidaram, mas não quis fazer porque não consigo ir para a cama com homem que não me diz alguma coisa, que não tenho atração física”