Famoso por ter vivido Pescoço, em Salve Jorge (2012), da Globo, o ator Nando Cunha gravou recentemente sua despedida de Poliana, a novelinha infantil inédita do SBT, canal no qual Nando nunca mais quer voltar a pisar.
É que ele soube que o seu contrato não seria renovado e ele teria de deixar o folhetim através de um grupo de atores da novela no Whatsapp. Revoltado, ele criticou o canal paulista e o suposto conservadorismo da emissora, o que seria, para ele, um retrocesso.
“Eu vejo um texto extremamente de direita. Eles querem passar a história de uma família conservadora tradicional brasileira e coisas dessa nova onda, e não mostram a diversidade”, diz Nando ao Notícias da TV.
E endossou: “Conservadorismo é o pensamento do SBT, do Silvio Santos e do presidente [Jair Bolsonaro], que é amigo dele. A gente vive um retrocesso cultural, econômico e é a partir desse poder que ele [Bolsonaro] está hoje eleito. E o SBT assina embaixo.
Para o ator, a novelinha promove um desserviço à sociedade ao não sair do lugar-comum. “A novela não dialoga com os diversos tipos de relacionamentos que temos na sociedade; [não tem] um casal gay, as diversas formas de gênero…”.
Mais do que isso. Os roteiros, para ele, pecam por serem fracos. “Falta um arco dramático maior, aprofundar os personagens, as tramas… Fazer um gancho de um capítulo para outro”, detona o ator, ressentido e militando a favor de suas próprias causas.
E ele revela o que ouve nas ruas de quem vê a trama: “As pessoas que me paravam na rua comentavam: ‘Ah, a novela está chata, a novela enjoou’… Não tem um gancho, uma trama para acompanhar, sabe?”, diz Nando.
Para ele, um dos problemas de Poliana é focar demais no núcleo infantil em detrimento das histórias dos adultos. “Novela é novela, mas às vezes fica muito em cima das crianças. Os personagens principais são elas”, critica ele.
Nada profissional, Nando critica o personagem que aceitou fazer e pelo qual foi pago por longos meses: “O próprio negro é tratado de uma forma estereotipada. É uma família de negros pobres em uma comunidade. Por que que não colocaram o meu personagem como dono de colégio e a minha mulher como uma empresária bem-sucedida?”, alfineta ele, que sempre soube que Ciro seria pobre.
E continuou detonando, antes de fazer uma outra seria acusação: “Acham que estão fazendo um favor, mas não é favor nenhum. Só estão repetindo os estereótipos de quase todas as emissoras”, disse ele.
Na entrevista, Nando também alega que foi vítima de racismo e assédio por parte de uma produtora de elenco, cujo nome não quis revelar. “Ela já colocou o dedo na minha cara, dizendo que eu não tinha de questionar nada, que eu tinha de fazer o que ela mandava”.
E seguiu firme: “Desculpa, mas ninguém manda em mim. Eu tenho de acatar ordens da direção, que na verdade são direcionamentos de cena. Eu sou um ator, um artista, eu não sou um funcionário de um banco para receber ordens e ficar calado”, explica Nando.
Agora demitido, ele resolveu criticar o acordo que de trabalho que teve com o SBT, mas sabe que não tem muito o que fazer, pois ambas as partes (ele e a emissora) aceitaram. “Era complicado, porque o SBT não banca passagem para ninguém, nem estadia. Como eu moro no Rio, eu saía de manhã para chegar lá [no SBT] no horário. Às vezes, ficavam chateados porque eu chegava atrasado se a ponte aérea dava zica, ou porque o avião não subiu, por neblina ou mau tempo, mas a culpa não é minha. Eu sempre comprei as passagens para chegar de manhã.”
“Em relação às passagens e à estadia [que eu bancava], é uma coisa que eu não gosto de contestar, porque já estava no contrato. Mas é meio desgastante, era metade do salário –que já não era lá aquelas coisas”, debocha Nando.
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Ele ainda contou como, supostamente, ficou sabendo que não trabalharia mais no SBT: “Alguém colocou no grupo que meu personagem havia morrido. Eu fiquei sabendo assim [que sairia da novela]. Para você ver como são as relações lá dentro. Depois um diretor veio falar comigo e disse: ‘A casa não quer mais renovar com você’. Eu falei: ‘Tudo bem’. Ele disse: ‘Mas nós vamos dar um final digno para o seu personagem’. O fim digno foi um teto caindo na cabeça dele”, critica Nando, cujo personagem, Ciro, morreu desta maneira.
Procurado, o canal de Silvio Santos negou todas as acusações e fez uma nota: “No roteiro da autora Iris Abravanel, a morte do personagem Ciro já estava prevista. Provavelmente o ator imaginou que seu desempenho poderia reverter a história, o que não ocorreu. Foi verificado que todas as outras acusações de Nando Cunha descritas neste e-mail [enviado pelo Notícias da TV] não têm nenhum fundamento, ao contrário, o ator sempre foi bem tratado por todos da equipe de teledramaturgia”. Com informações do Notícias da TV.
Lembramos que o personagem “Pescoço” morava na comunidade juntamente com a família da personagem “Lurdinha” “Bruna Marquezine” que na época não tinha todo esse cartaz, Nota zero para SBT e CIA o ator não iria inventar toda essa história.