Lícia Manzo não terá seu contrato fixo renovado com a Globo e deixará a emissora carioca após 32 anos. A autora, conhecida por seu estilo sofisticado e personagens complexos, teve um projeto de novela das seis cancelado no ano passado e enfrentou críticas pela audiência decepcionante da sua estreia no horário nobre com Um Lugar ao Sol (2021), que ainda carrega o título de maior fiasco de audiência da história da faixa das 21h.
Lícia começou sua carreira na Globo em 1992, como redatora do clássico Os Trapalhões. Embora tenha sido reprovada em sua primeira tentativa na Oficina de Autores da emissora, sua trajetória se consolidou ao longo dos anos em diferentes produções. Ela participou da criação de roteiros para programas de humor como Sai de Baixo e A Diarista, além de colaborar com Fantástico e Malhação. No entanto, seu maior reconhecimento veio como autora titular, à frente de obras elogiadas como a série Tudo Novo de Novo (2009) e as novelas A Vida da Gente (2011) e Sete Vidas (2015).
Apesar do seu talento reconhecido, o último projeto da autora na Globo, O País de Alice, foi cancelado. A novela estava prevista para substituir o remake de Elas por Elas na faixa das seis e já estava em pré-produção, mas foi considerada pela emissora como uma proposta “elitista” e difícil de ser compreendida pelo público da TV aberta. Após o fracasso de Um Lugar ao Sol, o chefão da Globo, Amauri Soares, optou por evitar novos projetos que fugissem do perfil mais popular.
A saída de Lícia faz parte de uma política recente da Globo de não renovar contratos fixos com autores e outros profissionais, como forma de reduzir a folha de pagamento. Essa estratégia já afetou nomes como Maria Adelaide Amaral, Elizabeth Jhin e Cao Hamburger.
No entanto, a decisão não impede que esses autores possam voltar a colaborar com a emissora sob contratos temporários, como aconteceu recentemente com Aguinaldo Silva e Izabel de Oliveira, que foram dispensados, mas estarão de volta com novos projetos na Globo em breve.