Você já parou para pensar quantos atores tetra ou paraplégicos existem no cenário artístico? Talvez, você sinta dificuldade em encontrar estas figuras. Afinal, o mercado de trabalho para artistas nesta condição é limitado.
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O preconceito é uma bandeira que ganha maior destaque do que o talento destes atores. Porém, ao estarem sob uma cadeira de rodas, os impasses e barreiras colocadas por terceiros acaba fazendo com que estas pessoas se resumam a sua deficiência.
Este ator que citaremos a seguir está há 20 anos convivendo com o fato de ser paraplégico, após um acidente. Hoje, ele discursa contra estes tabus colocados em desfavor de atores deficientes, os quais a existência deles é praticamente rara.
Estamos falando de Luciano Mallmann, que tem longa carreira no teatro e nos cinemas. Começou sua trajetória em 1991, pela Cia das Índias. Emendou vários trabalhos em peças, quando uma equipe da Globo Teatro viu o ator e o fez um convite para participar da Oficina de Atores da Globo.
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Considerado o berço de diversos nomes consagrados na atuação, a Oficina abriu portas para que Mallmann trabalhasse ao lado de grandes cineastas e estrelasse filmes de diretores como Jorge Fernando (1955-2019), Ignácio Coqueiro, Cláudio Baltar e dentre outros.
Tudo isto lhe abriu portas para estrear na TV pela extinta Manchete, em Mandacaru (1997). Logo em seguida, o diretor Marcos Paulo (1951-2012) conseguiu uma vaga para que o ator integrasse o elenco de Meu Bem Querer (1998).
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Ao fim da novela, ele voltou ao cinema enquanto não surgiam novas oportunidades na dramaturgia global. O ator participava da Escola Nacional de Circo e fazia aulas de acrobacias. No ano de 2004, ao manipular um tecido numa altura de 4 metros do solo, ele sofreu um acidente.
A queda lesionou a região da medula, o que deixou Mallmann paraplégico. Passados exatos 18 anos da situação, o ex-galã global não tem mais os movimentos das pernas e a força de seus braços é reduzida, principalmente na mão direita.
De origens gaúchas, ele não queria mais saber da profissão como ator. Em uma crônica escrita para o portal Draft, o profissional revela ter ficado frustrado ao se ver em uma cadeira de rodas: “Já tinha muito claro que não queria mais atuar. Me recusava a trabalhar com algo em que antes eu tinha todas as possibilidades do meu corpo à disposição e, agora, estava limitado”.
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Porém, a vida dele mudou ao fazer trabalho voluntário para crianças com deficiência: “Resolvi me tornar voluntário na AACD na área de recreação infantil. Ficava uma tarde na semana com as crianças inventando brincadeiras, desenhando, contando histórias. Esse trabalho era um prazer gigante, eu sempre saía de lá feliz da vida. E, aos pouquinhos, a vontade de trabalhar com arte voltou com tudo de novo”.
Hoje, Mallmann descarta parar e incentiva as pessoas à deixarem de lado a bandeira do deficiente enquanto pessoa que precisa sempre de superação. Em maio, o ator compartilhou uma recordação da época em que sofreu o acidente e escreveu na legenda: “[…] só pra constar: a deficiência é apenas uma das minhas características e não o que me define. E como diz Stella Young, ‘eu não sou objeto de sua inspiração'”
