Considerada pelos críticos como uma das mais completas atrizes do Brasil, Fernanda Montenegro está completando 90 anos neste dia 16. E, para comemorar a data, ela lança um livro de memórias, uma espécie de autobiografia.
“Atualmente, estamos vivendo um extremo. Está muito difícil achar um ponto em comum, onde as pessoas concordam. Acho que a mamãe tem isso de chegar o mais próximo possível do centro. Uma filha de operários, neta de imigrantes, que viveu da arte, se formou autodidata. Ela é uma brasileira que os brasileiros olham e dizem: este é o Brasil que eu reconheço”, definiu a mãe de Fernanda sobre a mãe.
“Mamãe é um ser independente. Ela já passou por dezenas de governos, modas, tendências políticas ideológicas, mas sempre foi fiel ao que pensava. É como se ela tivesse sempre um pensamento próprio, independente da corrente, pensando sempre no bem de todos. Isso fez dela sempre uma mulher do seu tempo. Com 90 anos, ela é uma mulher do presente. Ela não vive no passado”, conclui Fernanda Torres, filha da aniversariante.
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Claudia Raia agradeceu Montenegro por tudo que trouxe para cultura brasileira e também por ser uma mulher tão incrível: “Hoje é seu aniversário, o que dizer dessa mulher que é referência nacional de valores, de empenho, amor e entrega? Na verdade só tenho que agradecer por tudo que você fez e faz pela arte brasileira, uma honra imensa te observar trabalhando! Te desejo muita energia, amor, saúde e arte! Feliz aniversário Dona Fernanda dos Montenegro (como diria Tancinha), continue sendo sempre esse farol para nós!”.
FERNANDA MONTENEGRO E AS VILÃS:
“As vilãs têm, como castigo, no final da história, acabar sem homem ou num hospício ou numa cadeira de rodas. Homem é brinde. É a joia da coroa. Mas nesse caso, por exigência da audiência, Chica Newman, riquíssima, acabou nos braços do apaixonado motorista”, relata Fernanda Montenegro em seu livro.
Ela ainda revela que amou viver certas personagens: Em “Brilhante” (1981), de Gilberto Braga, a segunda novela que fez na Globo, a atriz foi Chica Newman, “a bandida que amava loucamente o motorista – o belo Claudio Marzo”, conta.
“Gosto de interpretar cafetinas. Elas, nessas histórias, têm sempre uma humanidade, uma aceitação da condição humana, que, guardadas as devidas proporções, lembra a das abadessas. Aliás, são também muito religiosas”, escreve a atriz, que foi dona de bordéis em novelas como O Dono do Mundo e Renascer. Com informações do Uol.
Ela ainda revela qual cena mais associam a sua imagem: “Dentre as centenas de cenas que gravei na TV pelos anos afora, talvez a mais lembrada seja o café da manhã com Paulo Autran de ‘Guerra dos Sexos’. Nós nunca havíamos contracenado. Vivíamos flertando com tal possibilidade. E onde aconteceu? Na televisão! Está guardado para sempre”.
Por fim, comentou sobre a parceria com a telinha: “À TV eu devo – e não só eu – um retorno financeiro que é origem e base de uma independência econômica nesta minha velhice. Isso depois de estar a serviço de uma dramaturgia eletrônica há mais de setenta anos”, escreve ela.