Maior emissora de TV do Brasil, a Globo é conhecida por dar grande destaque a pautas de apoio às minorias identitárias, como negros e LGBT’s. O canal carioca, no entanto, nem sempre foi tão aberto a essas questões, segundo revelou o autor Silvio de Abreu, que rescindiu seu contrato recentemente com a emissora.
Ele, vale recordar, foi o autor de uma das tramas mais lembradas da televisão brasileira quando o assunto é homossexualidade: as lésbicas interpretadas por Silvia Pfeifer e Christiane Torloni na novela Torre de Babel. O público rejeitou a trama e a Globo, segundo Silvio, o obrigou a matar as duas personagens.
Na entrevista, que foi concedida ao colunista Tony Goés, da Folha de S.Paulo, ele revelou que embora tenha existido mesmo rejeição do público foi a imposição da Globo que resultou no fim da cena icônica. “Essa história que eu inventei a explosão do shopping porque a novela ia mal de audiência, isso é mentira”.
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“A novela, desde o começo era a história de um homem (Clementino/Tony Ramos) que queria explodir um shopping, desiste, alguém explode e a culpa cai nas costas dele”, revelou Silvio de Abreu. Ele contou que, um mês antes de estrear, a nova diretora da Globo o chamou para mudar a novela em cima da hora.
“Quando viram que não tinha saída, qual foi o método que a diretoria achou de fazer? Cortar as cenas. Então, a história da novela começou a ficar sem pé nem cabeça, porque cada vez que aparecia uma cena das lésbicas ou cena de violência maior, cortavam, e a história começou a ficar sem sentido”, contou.
Silvio de Abreu revela que chegou a pedir demissão após essa história. “Eu pedi demissão, foi uma brigaiada, aí o elenco pediu pra eu não sair, voltei atrás, continuei escrevendo e tive que dar um jeito na história. O que me foi proibido veementemente era continuar a história das lésbicas”, disparou o rapaz no folhetim.