Atualmente no ar em Topíssima (Record), vivendo a personagem Madalena, a atriz Denise Del Vecchio falou em entrevista sobre uma das questões da mulher comum e sofredora que interpreta. Madalena, vale dizer, perdeu a filha, que morreu após um procedimento cirúrgico mal realizado.
Sobre a legalização ou criminalização do aborto, ela disse: “Não pode ser meia dúzia de homem lá no Congresso. Um monte de homem, velho, de terno, falando: ‘Ah, é pecado, não pode’. E abandonam as crianças, jogam na rua, abandonam a mulher grávida. Tudo isso tem que ser levado em consideração”, afirma a atriz.
“Ou não se importam que um policial dê um tiro nas costas de um menino na favela? Isso [para eles] não é pecado. Isso tudo está incluído na questão do aborto. Até onde uma mulher tem condições de ter ou não um filho? Isso precisa ser discutido”.
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E seguiu tocando firme no assunto: “Eu sempre digo que ninguém é a favor de aborto, o aborto acontece. As mulheres fazem, às vezes por necessidade ou por medo. Precisamos falar sobre isso, pois ainda existe um tabu enorme. E as mulheres continuam morrendo nas clínicas clandestinas. É um assunto que precisa ser discutido, as posições diversas têm que ser colocar às claras, é muito sério”, contou ela ao Uol.
PERSONAGENS MARCANTES DE DENISE:
A atriz já tinha vivido uma outra personagem marcante com a autora de Topíssima anos atrás, e elogiou a parceira: “A Cristianne teve coragem de pôr a questão da transexualidade em um momento em que quase ninguém falava sobre isso. Foi incrível. Tem gente que conversa comigo até hoje sobre isso. Acho a Cristianne uma autora muito corajosa, moderna, antenada com tudo o que está acontecendo e coloca isso no seu trabalho. O que é bem importante”.
Para entender bem a alma da atual personagem, Denise contou que viu muitas reportagens com o tema de mães que perderam os filhos, o que foi, de certa forma, angustiante: “Fui lidar com emoções com as quais não queremos lidar. Ninguém quer pensar na perda de um filho. Quando vi essas reportagens, isso ficou muito próximo de mim. Tive que parar de afastar esse medo e encará-lo de frente para conseguir fazer a personagem”, explica.
Entretanto, a atriz afirma que teve aprendizados com a personagem: “Percebi como a Madalena ficou muito próxima de tantas mulheres. Os jovens sentem falta de diálogo, de um caminho mais amoroso, de um suporte melhor que os impeça de caminhar por trilhas tortuosas. A Madalena me fascina muito por causa disso. Ela tem essa dualidade. Ela traz à tona essa dificuldade que é ser mãe. Onde colocar limite? Quando dar liberdade? A gente não sabe. Eu, como mãe, nunca soube. E acho que a maioria das mulheres passa por isso”.
E completa: “A gente nunca tem certeza se agiu certo, nunca! Filho não vem com bula. É uma experiência de duas pessoas: uma pequena, que depende de você, e você, inexperiente e com seus defeitos. Isso me levou a refletir muito e acho que o público também reflete”.