Depois de um afastamento que durou cerca de cinco anos, Regina Duarte voltou à Globo nesta segunda-feira (27). Ignorada pela emissora desde que abandonou uma trajetória de 51 anos no canal para se aventurar no governo de Jair Bolsonaro, a atriz retornou para promover a volta da novela História de Amor.
A trama de Manoel Carlos retornará em fevereiro, substituindo Cabocla na faixa Edição Especial. A reprise do folhetim será uma forma de homenagear o autor, que completa 92 anos em março. Além disso, serviu para selar a paz com Regina Duarte, uma das figuras históricas da dramaturgia da Globo, às vésperas do aniversário de 60 anos da emissora.
Artista que ficou conhecida como “a namoradinha do Brasil” após o sucesso já em seus primeiros anos na televisão, Regina estreou na Globo na novela Véu de Noiva (1969), após iniciar sua carreira na extinta TV Excelsior, onde ficou durante quatro anos.
Trajetória de sucesso na Globo
Durante os anos no canal carioca, ela esteve em produções marcantes como Irmãos Coragem (1970), Selva de Pedra (1972) e Malu Mulher (1979). Em seguida, se destacou dando vida à personagens icônicas em sequência.
Regina interpretou protagonistas marcantes na história das novelas, como a Viúva Porcina de Roque Santeiro (1985), a Raquel de Vale Tudo (1988), a sucateira Maria do Carmo em Rainha da Sucata (1990), além da Helena de Por Amor (1997).
O rompimento entre Regina Duarte e a Globo
Após uma carreira repleta de sucessos e personagens marcantes, Regina colocou um ponto final em sua trajetória na Globo em fevereiro de 2020. Na ocasião, ela rompeu seu contrato com a rede da família Marinho para ocupar o cargo de secretária especial da Cultura do governo de Jair Bolsonaro.
Começava aí um caminho em que ela e a Globo seguiram por lados opostos. Regina permaneceu no cargo por apenas três meses, mas foi tempo suficiente para fazer um estrago em sua imagem, principalmente diante da classe artística.
Diante da passagem desastrosa pelo governo Bolsonaro, criticado por sucatear o setor cultural do país, a atriz ficou com a imagem queimada por conta das diversas polêmicas em que se envolveu com atitudes e declarações públicas.
Namoradinha do Brasil na “geladeira”
Desde os episódios políticos que arranharam a imagem de Regina Duarte, a Globo mandou a artista para a “geladeira” sem data para sair de lá. Já em 2020, quando a Globo lançou um projeto de resgate de suas tramas antigas no Globoplay, ignorou a atriz que interpretou as personagens mais marcantes de suas novelas.
Em seguida, ignorou a existência da atriz ao anunciar a chegada de Vale Tudo à plataforma de streaming. O apagamento de Regina continuou em 2021, quando a emissora reprisou a novela Pega Pega (2017) durante a pandemia de covid-19. Uma sequência com a participação da veterana foi cortada na edição.
No mesmo ano, a Globo também ignorou a dona de grandes personagens de sua dramaturgia em um especial sobre os 70 anos das novelas. Naquela ocasião, Regina se pronunciou nas redes sociais afirmando que era “maior que a Rede Globo”.
Para completar, a rede deixou a atriz de fora do Tributo a Manoel Carlos, lançado em maio do ano passado. A ausência da atriz no do documentário em homenagem ao autor chamou a atenção, já que ela interpretou três Helenas: em História de Amor (1995), Por Amor (1997) e Páginas da Vida (2006).
Globo sela a paz com Regina Duarte
No ano em que completa 60 anos, a Globo resolveu tirá-la da “geladeira” depois de perceber que não dá para ignorar Regina Duarte ao contar sua história. Talvez a emissora tenha chegado à conclusão de que o melhor era selar a paz com a artista após a ignorá-la em momentos marcantes.
Tentar ignorar Regina nesse momento seria como “enxugar gelo”, repetindo um erro que a Globo já cometeu e parece não querer repetir. Não dá para simplesmente apagar do nada uma atriz que construiu uma trajetória de 51 anos na emissora e viveu personagens icônicas, ainda mais em um ano em que a rede trará de volta Vale Tudo.