Algumas vezes, o autor João Emanuel Carneiro é vítima justamente daquilo que o faz ser mais prestigiado: a inovação. O novelista foi o responsável por assinar A Favorita, novela que ficou marcada na memória do público, que sempre clamou por sua reprise, mas que na época do seu lançamento, penou um pouco ao apostar no diferencial.
O autor quis inovar ao apresentar o público duas protagonistas, Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Claudia Raia), que entravam num confronto no maior estilo “gato e rato”, mas que muitas vezes, ninguém sabia ao certo quem era a vilã ou a mocinha da história. A ideia era confundir o público e manter esse mistério até o final da trama.
Com o tempo, o público comprou essa proposta, o que fez a novela crescer em sua popularidade, mas durante boa parte da sua exibição, o folhetim penou com essa proposta que fugia do convencional. Em 2008, o primeiro capítulo de A Favorita registrou apenas 35 pontos, até então, a pior audiência da história do horário na Globo.
É claro que alguns outros fatores influenciaram nesses baixos índices da novela, como o sucesso da concorrente Caminhos do Coração, que se tornou um fenômeno na Record, e a péssima audiência de Negócio da China e Três Irmãs, novelas das 18h e 19h em exibição na época.
Revelação antecipada
A Globo, no entanto, identificou que a demora para revelar quem era a verdadeira vilã de A Favorita estava deixando o público cansado e confuso, e para tentar resolver esse problema e elevar a audiência, João Emanuel Carneiro foi orientado a antecipar essa revelação.
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A atitude funcionou: o capítulo que marcava a revelação de que Flora era a grande vilã da história registrou 46 pontos, e a partir daí, a novela finalmente decolou na audiência, fechando com 40 pontos de média, dentro da meta estipulada pela emissora.