A Favorita não é tão favorita pelo público. É o que aponta todo o histórico da novela, que está em sua segunda exibição. Na primeira vez que foi ao ar em 2008, a Globo sofreu para que a trama emplacasse.
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Agora no Vale a Pena Ver de Novo, não tem sido diferente. A conclusão em meados da emissora carioca é que a reprise não deu certo, tanto é que o fim foi antecipado.
Anteriormente, a aposta era alta com a reapresentação e esperava-se exibi-la praticamente na íntegra até meados de fevereiro de 2023. Agora, os novos planos são para retirá-la no próximo mês de novembro e imediatamente providenciar uma substituta.
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Desde sua estreia em 02 de junho de 2008, a Globo teve indícios de que A Favorita não estava dando certo. Foi a segunda pior estreia de uma novela das nove naquela época e a performance de audiência só melhorou após o capítulo 56, com Flora (Patrícia Pillar) sendo desmascarada.
Conforme estamos acompanhando na reprise, a partir da descoberta de Flora, começam a ocorrer diversos eventos novos e desfechos inesperados. Estas táticas foram utilizadas pela emissora carioca na época, como forma de reverter a tendência de fracasso que A Favorita tinha.
Até então, era considerada em geral como uma novela morna, sem humor e com histórias pesadas. No final, a Globo entendeu que se tratava da primeira vez em que João Emanuel Carneiro fazia uma novela das nove. Também, percebeu-se que a Record teve bom êxito em suas investidas pesadas em teledramaturgia.
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Na época, Os Mutantes sugava boa parte do público da Globo e isto era nítido com os índices expressivos alcançados pela Record. O último capítulo de Caminhos do Coração, por exemplo, atingiu 23 pontos. Teve até um leve deboche do autor dos Mutantes, o qual afirmou que A Favorita só deu certo por conta da insistência dos globais.
“A Globo trabalhou muito por A Favorita. Fez um fracasso para seus padrões parecer um grande sucesso. Tem um império de comunicação com esse propósito. É muito difícil concorrer com esse império”, disse Tiago Santiago para o jornal Folha de S. Paulo em 16 de janeiro de 2009.
Silvio de Abreu, que supervisionava os textos de A Favorita, se defendeu dizendo que o problema era que a novela tinha um formato que causava estranhamento ao telespectador: “A maneira de contar a história foi a novidade. A história evoluiu ao mesmo tempo em que os problemas eram encadeados, e os personagens iam se revelando de uma maneira sempre surpreendente”.
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“A narrativa foi subvertendo os mitos apresentados no início, como se fosse o reflexo contrário do espelho: a mocinha era a vilã, o homossexual gostava de uma mulher; o político corrupto encontra a redenção. Fugiu-se dos clichês”, completou Silvio.
No geral, A Favorita agradou e mesmo com as dificuldades, é considerada pela crítica como uma boa novela. Defeitos não faltaram para este folhetim, mas ainda assim a Globo fez questão de retirá-la dos arquivos e colocá-la para anteceder a novela das seis, Além da Ilusão. E a experiência não tem sido tão animadora.