A Globo que se cuide, pois enquanto eles estão abandonando os jovens, a Record está tentando fisgar este público pelo braço e quer ser a emissora favorita deles. O primeiro passo será Todas as Garotas em Mim, nova novela teen da emissora dos bispos.
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A estreia está agendada para a próxima terça-feira, 07 de junho, e a novela promete ser um show de evangelização. Os ensinamentos bíblicos receberão destaque em meio aos dramas adolescentes, por isto é chamada de “Malhação gospel”.
Na lista que preparamos a seguir, tem alguns motivos que podem te fazer repensar antes de assistir essa nova produção da Record. Confira:
Insistência em evangelização
Ao mesmo tempo em que pode ser elogiável o fato de assumir uma postura firme e escrachada sobre o que quer fazer com sua teledramaturgia, a Record também acaba desconsiderando algo importante. Enquanto concessão pública, deve oferecer programação com diversidade e pluralidade suficiente para retratar o Brasil como ele é.
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Porém, há muitos anos, prefere fazer de conta que religiões diferentes da evangélica não existam. Chega a ser enfadonha e injusta essa insistência de empurrar a religião evangélica à força dentro dos lares dos brasileiros.
Baixo orçamento e estrutura limitada
De acordo com informações divulgadas pelo TV Pop nesta sexta-feira, 03 de junho, a Record estaria com o faturamento em queda após uma série de investimentos errôneos na dramaturgia. Limitada com a verba baixa, a emissora teria encontrado fôlego com Todas as Garotas em Mim.
A nova produção da emissora dos bispos é considerada de baixo investimento. Isto é: não custou muito para ser feita e, por isto, segue o plano de evangelizar através de sua programação. Com isto, o elenco é pequeno, além de ter uma estrutura limitada. Isto pode afetar a qualidade entregue ao público e veremos como funcionará na prática.
Falta de diversidade
Sob a justificativa de que a história se passa em Florianópolis (onde quase 90% da população é branca), a Record esconde a falta de diversidade no elenco de Todas as Garotas em Mim. Negros não foram bem-vindos para interpretarem os personagens da história, que é de ficção e poderia abrir espaço para uma população fortemente segregada.
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Questionado sobre o assunto, o diretor Rudi Lagemann afirmou: “Eu entendo, acho que as pessoas devem defender o seu espaço, mas acho que elas olharam as fotos não sabiam do que se tratava série”.
Nada de reflexões
A autora Stephanie Ribeiro fugiu da coletiva de imprensa de Todas as Garotas em Mim, assim como fez a autora de Reis durante a coletiva da novela. Ao não comparecer, o motivo foram “questões pessoais”. Provavelmente, porque os assuntos espinhosos iriam aparecer, já que foi o caso do que aconteceu mesmo sem a presença da autora. Imagina-se que ela seria convidada a refletir se a novela poderia sofrer rejeição diante da insistência em evangelizar e desconsiderar o universo que existe fora da bolha religiosa.
Porém, Lagemann argumentou: “Acho que essa questão da religiosidade, da juventude, sempre tem… Me lembro que na minha época de garoto também falavam isso, que a juventude não estava muito ligada, mas sempre tem um público ligado e presente nisso”. Vale lembrar que, ao fazer esta comparação, Rudi Lagemann desconsiderou o fato de que tem atualmente 62 anos e viveu uma juventude em uma geração completamente diferente da atual.
Relativizar assuntos sérios
Durante a coletiva de imprensa de Todas as Garotas em Mim, eles assumiram um compromisso sério. Foi afirmado que, durante as histórias, a novelinha deve abordar dramas comuns do universo adolescente. Eles exemplificaram algumas destas temáticas: sexualidade, depressão e adultização.
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Porém, o problema está na falta de senso que costuma-se ter por parte do segmento evangélico ao discutir assuntos tão sensíveis. Como a produção é baseada nos “ensinamentos bíblicos”, jamais veremos a sexualidade conforme a ciência e os estudiosos entendem, principalmente no que se refere a diversidade sexual e as orientações.
Se seguir a abordagem feita pela Igreja Universal, a depressão deve ser discutida sob a lógica de um slogan normalmente utilizado por eles: “Fique livre da depressão em 3 minutos, sem remédios, sem internação e gratuito”. Tampouco, a adultização será abordada sob o ponto de vista dos prejuízos na formação psíquicossocial, já que os evangélicos costumam limitar essa discussão às vestimentas e o quanto as atitudes dos jovens podem evitar a ida ao céu.