Sabe a história de obra aberta, que tanto tem se falado sobre as novelas dos últimos anos para cá? Se não fosse por isto, a Globo teria lidado com um prejuízo irreparável diante de um remake de uma novela famosa nos anos 80.
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Estamos falando de Roda de Fogo. A trama de Lauro César Muniz e Marcílio Moraes esteve sendo concebida a partir de argumento criado em um curso da saudosa Janete Clair. Segundo informações do colunista Nilson Xavier, a novela representou uma forte ruptura.
Isto porque, acostumados com a posição de galã, Tarcísio Meira assumiu um papel de vilão e causou um claro estranhamento. Não houve uma transição que pudesse ir retirando aos poucos do público a imagem do ator sempre como o “bonzinho”.
Foi nesse sentido que o público penou para dar audiência a trama, que quase se tornou um fiasco. O fracasso só não veio porque, a tempo, os veículos de imprensa passaram a fazer o que os chefões da Globo não estavam fazendo.
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Em uma pesquisa encomendada pelos jornais Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo diante da informação de que o personagem de Meira morreria, o público foi questionado se eles queriam que isto acontecesse.
O resultado fez muita gente em meados do Jardim Botânico cair da cadeira. Houve um grande apelo para que Renato Villar, vilão vivido por Tarcísio Meira, não saísse da novela. Isto representou uma quebra de paradigmas, já que sempre se espera que o público rejeite a figura má das tramas.
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Sob o título “Público quer Renato Villar vivo”, a Globo se viu na mira de uma rejeição, porque 65% dos entrevistados pediram Villar vivíssimo. Daniel Filho, então diretor de Roda de Fogo, discordou: “Não podíamos começar uma novela prometendo que o camarada vai morrer e ele não morrer. Batalhei violentamente para ter essa morte”.
Mas, o medo da rejeição fez com que se mantivesse um consenso. O personagem morreu, mas a forma da morte foi alterada. Além de ter sido adiado para o último capítulo, o fim de Renato Villar aconteceu em um tom “poético”. Na cena, ele desfalece nos braços da amada e derruba uma taça de vinho.