Não é de hoje que há uma marginalização de organizações sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Porém, no ano de 1996, o Brasil se uniu comovido com um caso que chocou a todos.
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Foi o Massacre de Eldorado do Carajás, onde 21 pessoas foram assassinadas em uma chacina promovida por policiais. Naquela ocasião, mais de 3,5 mil famílias sem terra estavam reivindicando uma desapropriação na Fazenda Macaxeira.
Para conquistarem a região, milhares de pessoas marcharam pela PA-150 até Belém, onde o destino final era o palácio do governador. Eles estavam determinados: ou o principal representante do estado recebia as lideranças do Movimento, ou eles não descansariam até conquistarem o que tanto queriam.
No entanto, o batalhão de Marabá (PA) e o quartel de Parauapebas (PA) foram orquestrados para desfazer o motim de camponeses, gerando uma verdadeira carnificina. Durante o tumulto, 19 pessoas morreram. Outras 81 foram internadas em hospitais que superlotaram.
Todas as vítimas foram atingidas por seus próprios instrumentos de trabalho. Destas 81, duas faleceram posteriormente diante da gravidade dos ferimentos. A imagem dos cadáveres mortos estamparam capas de jornais pelo país.
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O caso virou manchete também na TV e (in)diretamente acabou impulsionando a audiência da recém-estreante O Rei do Gado. Afinal, antes marginalizados, os Sem-Terras passaram a serem enxergados por parte da população de maneira humanizada.
O Rei do Gado cresceu depois do caso trágico
Conforme abordamos anteriormente, O Rei do Gado foi beneficiada pela triste coincidência do massacre. No entanto, a explicação se dá justamente na própria trama da novela, que aborda uma disputa de terras ancorada por camponeses.
De acordo com o próprio Benedito Ruy Barbosa declarou em entrevista, a Globo não queria trazer estas discussões para uma novela das nove justamente pela imagem marginalizada que os Sem-Terra costumam ter.
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“Um dia, o Boni me ligou muito bravo porque eu coloquei os sem-terra na trama. Ele queria saber o porquê de não aparecer essa informação na sinopse“, disse Benedito, que precisou fazer uma maracutaia para despistar o tão temido chefão da Globo.
O presidente do MST na época, João Pedro Stédile disse que a novela cumpriu um importante papel social: “A novela ajudou a fazer as pessoas nos olharem de maneira diferente. Nos deu status de cidadãos“.